O trabalho do Técnico-Administrativo em Educação (TAE) da comunicação na educação profissional e tecnológica (EPT).
Nada neste texto é por acaso. Ele está sendo escrito com uma linguagem simples e atrativa, para que você tenha fácil entendimento ao viajar por cada uma das linhas. Mas, o que está nas entrelinhas também foi milimetricamente pensado: as cores que você vê, as imagens que pode acessar, a tipografia e todo o planejamento visual da diagramação desta página. Cada elemento que compõe esta matéria foi pensado cuidadosamente, pois tem o papel decisivo de conquistar a sua atenção, leitor. Tudo na comunicação é estratégico, inclusive a forma como eu escolhi começar esta reportagem se inicia: falando sobre a construção do próprio texto e me direcionando a você, que lê. E, de repente, você já leu um parágrafo inteiro e apostou neste conteúdo, e não em outro, para consumir.
Apostas assim acontecem diariamente, sem que nós sequer percebamos. Com a concorrência entre mercados cada vez mais acirrada no mundo globalizado, a disputa pela atenção adota mecanismos cada vez mais inovadores e sutis. “A riqueza mora nos detalhes”, como diz o ditado popular, e seja nas redes sociais digitais ou em outras mídias, um conjunto de escolhas está em jogo a partir do poder da Comunicação. Ela pode criar intimidade e confiança com o público ou afastar as pessoas já nas primeiras palavras. Pode melhorar a reputação e os ganhos financeiros de uma organização ou fazê-la falir em segundos. Pode levar conhecimento e informação de qualidade ao público ou simplesmente espalhá-los por aí de modo confuso e até duvidoso. Definitivamente, não é a sorte que vai definir o que vai acontecer com uma mensagem quando ela é disparada por um sujeito emissor. Mas, sim, um conjunto de estudos baseados na ciência, nos testes e na análise de métricas feita por profissionais capacitados.
Diariamente, nas instituições, centenas de mensagens vão e vêm, desde o que precisa ser articulado internamente entre os servidores de uma instituição até o que pode ser acessado por toda a comunidade. Tudo que é comunicado é atravessado por um trabalho técnico de aperfeiçoamento, para que a mensagem evite ruídos e otimize as relações e o progresso de uma empresa, entidade governamental ou organização sem fins lucrativos. Nesta reportagem multimídia, você vai conhecer o trabalho e o valor dos Técnicos Administrativos da Educação (TAE) em Comunicação. Acompanhamos o dia a dia, os desafios e as necessidades de alguns servidores da Comunicação da Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.
Brincando de metonímia:
O Instituto Federal de Sergipe.
A metonímia é uma figura de linguagem que, ao falar de uma parte, fala do todo. Assim, ao dizer que muitos “braços” fazem a comunicação de uma instituição funcionar, estamos falando de muitos seres humanos. Convém, neste jogo linguístico, dizer que muito mais que peças de engrenagem, os atuantes na comunicação também são pessoas, dotadas de emoções, identidade e diferenças.
Sergipe, o menor estado do Brasil, será nosso exemplo da realidade de um país inteiro. Ele concentra alguns dos 679 campi que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia tem espalhados por todo o território nacional. São escolas com ensino técnico a nível médio e superior, com propostas pedagógicas voltadas ao mundo do trabalho. São dez as cidades sergipanas que contam com unidades presenciais da Rede Federal: Aracaju, Estância, Lagarto, Nossa Senhora da Glória, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro, Tobias Barreto, Poço Redondo, Itabaiana e Propriá. Essa quantidade significativa de campo viria a ser uma das grandes justificativas para o fomento ao Departamento de Comunicação Social e Eventos (DCOM) da Rede Federal no estado.
O surgimento do Instituto Federal de Sergipe (IFS) remonta o início do século passado, quando, em 23 de setembro de 1909, o presidente Nilo Peçanha decretou a criação de 19 Escolas de Aprendizes Artífices, uma em cada estado do país. Mas, a chegada de um maior número de comunicadores no IFS só ocorreu a partir da implantação dos novos campi, no início de 2014. Naquele ano, a comunicação institucional via na internet uma estratégia promissora, com o sucesso das marcas nas redes sociais digitais, o que aumentava a demanda e fazia surgir cargos até então desconhecidos.
A alta demanda de serviços de comunicação levou à criação do Departamento de Comunicação Social e Eventos na instituição, o DCOM, que a partir do trabalho dos Técnicos Administrativos em Educação (TAE) traduz as informações complexas em linguagem acessível, tornando visíveis as realizações e oportunidades que o IFS oferece. O departamento está alocado estrategicamente na reitoria, para atender as demandas da Reitoria, Pró-Reitorias, Diretorias Sistêmicas e entre outros, como também demandas de alguns campi. O concurso que selecionou novos integrantes do setor contratou profissionais de diversos cargos: jornalista, programador visual, produtor cultural, técnico em audiovisual, diagramador, desenhista de artes gráficas.
Apesar do esforço da instituição em destrinchar as funções requeridas em edital, a equipe empossada viu, na prática, que o mercado comunicacional estava em constante mudança e que seria preciso fazer mais do que aquilo que se pedia. As fitas, filmes e discos virgens mencionados na descrição sumária do cargo de técnico em audiovisual, por exemplo, mal podiam esperar pelas gravações digitais que seriam veiculadas no YouTube, em MP4. Da mesma forma, os programadores visuais sequer imaginavam que para muito além da imagem gráfica editada no Photoshop, era a imagem da marca, mais subjetiva e personificada, que estava sempre em jogo.
À época já se exigia, por exemplo, que o jornalista recolhesse, interpretasse e redigisse informações, mas não eram mensuradas a quantidade e a qualidade dessas informações ao chegarem aos jornalistas. Tal reflexão fez com que os profissionais pensassem em um modelo de formulário que facilitasse a organização daquela avalanche e impulsionasse a compreensão dos outros setores sobre o que seria de fato necessário para construir uma matéria jornalística. As famosas perguntas “o quê?”, “quem?”, “onde?”, “como?”, “quando?” e “por quê?” ajudaram a nortear a atividade no chamado briefing, mas isso ainda não foi capaz, até hoje, de criar uma cultura disciplinar.
“Os profissionais de comunicação são cruciais para a instituição. Sem eles, o IFS não conseguiria operar eficientemente, uma vez que desempenham funções vitais relacionadas ao Ensino, Pesquisa e Extensão”.
Juliano Azuma
Chefe do Departamento de Comunicação Social e Eventos
“Trabalhamos para que o IFS seja reconhecido e valorizado pela sociedade. A comunicação desempenha um papel crucial nisso, garantindo visibilidade e promovendo nosso instituto para que mais pessoas o conheçam e se interessem por nossas ofertas acadêmicas”.
Monique de Sá
Jornalista
Parece mágica: o que faz, afinal, um TAE?
O dia a dia de um TAE da Comunicação da Reitoria começa antes mesmo de o sol nascer. Ainda na noite anterior, a caixa de entrada do e-mail do departamento já recebia dezenas de briefings, os formulários preenchidos por outros setores indicando a cobertura de eventos, criação de layouts ou a execução de informes. Cabe, então, aos TAE sistematizar o que chega e distribuir para cada integrante da equipe as funções que compõem a magia de fazer um elo entre a sociedade e a instituição.
Mas nem toda magia acontece num passe de mágica. “É fácil”, “ah, você senta dez minutos e faz”, “rapidinho”, “é um textinho”, são as frases que Diego Ramos, desenhista de artes gráficas, servidor no IFS há seis anos escuta quase sempre. No diminutivo, as palavras parecem sugerir que o trabalho dos comunicólogos tem baixo grau de complexidade e que é feito de forma quase “automatizada”, sem emprego de conhecimento técnico. “A gente sabe que não funciona assim”, explica a jornalista Monique de Sá. “A gente tem que ter uma formação pra isso, né? Não à toa, a Rede Federal em si tem os cargos para o pessoal de comunicação, então eu acho que falta um pouco de valorização, sim, nesse aspecto”, relata a profissional.
O resultado do trabalho produzido pelo DCOM, que é visto como mágica, na verdade é consequência da articulação prévia entre os setores e a equipe. O setor reúne diversos profissionais de comunicação e cada um deles tem um importante papel no resultado áudio-verbo-visual dos produtos veiculados. Para Jéssika Santos, diagramadora no IFS há seis anos, “os setores, de forma geral, demonstram dificuldade de compreensão da importância do planejamento prévio para a garantia de uma entrega dos serviços com qualidade. Ela acredita que isso se deva ao fato de que “profissionais de outras áreas muitas vezes ignoram os conhecimentos técnicos envolvidos no trabalho, bem como os impactos que a falta de planejamento pode gerar no andamento das atividades instituições e até mesmo na imagem institucional”.
Enquanto Jéssika fala, uma lousa de cerca de 50 centímetros ilustra o problema. Na parede, ao lado do bebedouro do DCOM, seu conteúdo transborda os limites do quadro como se fosse água. Ali estão descritas, com piloto azul, as datas dos próximos eventos que a equipe precisará assessorar, cobrir e divulgar naquele mês. O quadro branco guarda uma mancha escura; resquícios de outras datas, de outros meses que também não saem da memória dos servidores. “Você se lembra daquela vez?”, “aquilo não pode se repetir!”, ecoa pela sala do departamento. Em meio à demanda diária, uma servidora divide a atenção entre o seu computador e a lousa transbordante. Alguma coisa não está certa, ela pensa. Está faltando uma data na agenda da equipe, ela anuncia. E lá vai o quadro branco ser apagado para ser preenchido de outras manchas e borrões, para então suportar uma programação aos trancos e barrancos.
Os gráficos que você vai ver a seguir levaram uma semana para ficarem prontos. Para serem construídos, eles demandaram pesquisas, catalogações e cruzamento de dados. Assim é o tratamento jornalístico dado às informações que chegam diariamente ao DCOM: elas precisam ser investigadas e reorganizadas, quase sempre respaldadas com dados e pesquisas, e tudo isso leva tempo.
“Os técnicos administrativos são indispensáveis na prestação de suporte aos professores, garantindo que suas atividades sejam desempenhadas com eficácia. Entre eles, nós, jornalistas da comunicação social, temos a missão específica de informar e traduzir para o público as ações e atividades da instituição”.
Geraldo Bittencourt
Jornalista
O papel do departamento, como são definidas as atribuições dos cargos e o desenvolvimento da criação da política de comunicação do IFS.
Juliano Azuma
Chefe do Departamento de Comunicação Social e Eventos / Tecnólogo em Cooperativismo
O desempenho do trabalho do jornalista e a importância da política de comunicação.
Geraldo Bittencourt
Jornalista
A importância da comunicação no IFS e como o profissional contribui para o processo de ensino aprendizagem na educação profissional e tecnológica.
Monique de Sá
Jornalista
O trabalho do programador visual dentro de uma instituição de ensino.
Thiago Estácio
Programador visual
A relevância da diagramação e a solicitação do serviço através do preenchimento do briefing.
Jéssika Lima
Diagramadora
O trabalho do técnico audiovisual.
Andrei Ferreira
Repórter Fotográfico (colaborador)
Valorizar para transformar
Os TAEs da área de comunicação desempenham um papel vital nas instituições de educação profissional e tecnológica, contribuindo para a formação dos estudantes, a disseminação de informações e a construção da imagem institucional. Valorizar e investir nesses profissionais é fundamental para o sucesso dessas instituições e para o desenvolvimento educacional e tecnológico de uma sociedade. O mapeamento oferecido por esta matéria aponta que ainda é preciso entender a complexidade e os valores de um profissional da comunicação. Alguns relatos dos profissionais entrevistados evidenciam que os TAE ainda são enxergados como meros executores do que lhes é pedido, sem que sejam consideradas a sua capacidade criativa e a sua habilidade em pensar estrategicamente junto aos setores que propõem ações comunicacionais.
Estamos falando, então, de uma valorização que não se restringe ao reconhecimento. Além de reconhecer, é preciso oferecer subsídios reais para melhorar efetivamente as condições de trabalho e a percepção que se tem dos TAEs da comunicação. Nesse sentido, é crucial que os setores organizacionais passem por um letramento, seja com palestras ou reuniões, que os conscientize acerca do papel relevante e do modo de trabalho dos profissionais do DCOM, a fim de que o envio dos briefings com antecedência possibilite a maior eficácia do trabalho. Tal sensibilização também deverá atingir, a longo prazo, a todos que compõe o IFS, a sociedade e os estudantes com campanhas e oficinas, uma vez que eles também serão os profissionais do futuro e desde já precisam entender as dinâmicas e as urgências da comunicação institucional em seu crescem como foco as tecnologias e a profissionalização, os ganhos só aumentariam.
Além da conscientização, a melhoria da conjuntura profissional dos TAE tem a ver com a criação de um ambiente de trabalho saudável e positivo, com baixa pressão e estresse, para permitir que os profissionais alcancem seu potencial criativo. Para que possam entregar o melhor trabalho possível em benefício da instituição e da sociedade, os TAE precisam ser vistos como colaboradores criadores e isso está intimamente ligado aos recursos tecnológicos de qualidade oferecidos e a composição visual do setor mais dinâmica. Enquanto se passa a maior parte do tempo olhando para a tela do computador, perde-se a humanidade das relações e o trabalho se torna cada vez mais mecânico. Na área da Comunicação, onde impera a criatividade, este modelo de trabalho pode ser nocivo a esse valor que é essencialmente humano.
Sabemos que tem dimensão mundial a situação dos comunicólogos em más condições de trabalho e a vulnerabilidade emocional decorrente disso, mas se começarmos a transformar o lugar onde vivemos, brincando de metonímia, poderemos revolucionar a comunicação e o mundo do trabalho.
Esta reportagem multimídia é fruto da adaptação de uma pesquisa de mestrado em educação (Profept) – O trabalho do Técnico-Administrativo em Educação (TAE) na comunicação: um estudo de caso na Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – e tem como objetivos disseminar o conhecimento científico e pautar o valor dos TAEs em comunicação. Tão importantes no progresso institucional, eles também são, por vezes, subestimados e sobrecarregados em suas atividades numa instituição como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Isabella L. S. de Almeida
Autora
Isabella Almeida
Produção e reportagem
Diego Ramos
Web design e ilustração
Andrei Ferreira
Audiovisual
Irion Martins
Revisão textual
Equipe DCOM
Juliano Azuma
Chefe do DCOM / Tecnólogo em Cooperativismo
Adrine Cabral
Jornalista
Geraldo Bittencourt
Jornalista
Monique de Sá
Jornalista
Anderson Ribeiro
Assistente em Administração / Jornalista
Aline Soares
Produtora cultural
Thiago Estácio
Programador visual
Alexander Palmeira
Programador visual
Igor Andrade
Audiovisual
Diego Ramos
Desenhista de artes gráficas
Jéssika Lima
Diagramadora
Andrei Ferreira
Repórter Fotográfico (colaborador)